Total de visualizações de página

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O SILÊNCIO





Há momentos em que existe a necessidade de silenciar, mas por que isso é tão difícil nos dias de hoje?

Pessoas dormem com música, acordam com rádio e ligam a televisão assim que encontram o controle remoto. O celular ficou ligado a noite inteira. Enquanto preparam o café, conversam com alguém e o tomam com o rádio ligado. Vão ao trabalho com fones de ouvido. Ouvem e falam constantemente durante o dia. Voltam para casa, ligam todos os aparelhos antes mesmo de tirarem os sapatos.

Não se deixam silenciar.

Mas por quê? Será um vício ou o silêncio é um tormento tão grande que torna-se insuportável escutar os próprios pensamentos?

Estamos evitando o encontro conosco. Não queremos a nossa voz, queremos a do outro, que dita regras, que vende conselhos, que canta o que deveríamos falar – ou não! – que define nossas vidas dentro de suas teorias.

Qual é a sua teoria? Qual o seu plano de ação? Já parou para escutar? Já pensou sobre isso? Onde você quer chegar? De que forma? Do que está fugindo?

Deixe o silêncio trazer as respostas. Não tenha medo. Permita escutar a si, ao seu coração, aquilo que o faz feliz, o que realiza. Reconheça e corrija o que te desvia. Feito isso, trace metas, crie algo, tenha coragem e seja um diferencial no mundo.

Conte sua história, faça sua música, ouça escutando de verdade, dê sua opinião e siga em frente, mas dê sempre um tempo para o silêncio. É a partir dele que tudo se realiza


TV LIGADA DURANTE A VISITA

Não é mesmo um comportamento estranho? Você visita alguém e assim que se acomoda para conversar a TV é ligada. Ou você chega e a TV já está ligada. Durante toda a sua visita a TV permanece ligada, ininterruptamente emitindo som e imagem a ninguém em particular. De vez em quando, no intervalo entre um assunto e outro, vocês assistem a TV. Tecem comentários triviais sobre o programa e voltam a conversar. Você vai embora e a TV continua ligada.

No caminho de volta você contempla, através de inúmeras cortinas, de casas e apartamentos, a luz difusa e bruxuleante, característica de uma TV ligada. E então imagina que nesses lares a mesma situação que acabou de viver pode estar se repetindo: uma visita chega e a TV é ligada. Ou a TV já está ligada e permanece assim durante toda a visita. Você entra em sua casa e uma de duas situações pode ocorrer:

1. Caso resida só a sua TV estará desligada
2. Caso resida com uma ou mais pessoas, é grande a probabilidade de a TV estar ligada

Em ambas situações, você observa a TV e reflete sobre a necessidade psicológica do ser humano de calar o silêncio com qualquer barulho disponível e a óbvia praticidade que o aparelho oferece para tal função. "É isso", você pensa: "a TV fornece substrato para que o possível constrangimento provocado pelo silêncio entre um assunto e outro não possa se instalar". Mas... por que sentir constrangimento na presença do silêncio? Será que expõe nossa falta de habilidade em manter intimidade com os outros? Seria a ideia de que temos dever de dar plena atenção, sem nenhum descanso, às nossas visitas? Nesse caso, a TV, com sua descarga incansável de informação, faria as vezes de um visitante ativo. Um visitante opressivo, autoritário, dominador, que impõe sua própria pauta de conversação, alheio e indiferente aos outros presentes. Quem sabe se... Mas não chega a conclusão alguma e desiste de pensar na TV.

Entra em seu quarto e fecha a porta. Decide que na próxima vez em que receber uma visita deixará um livro aberto entre ambos. De preferência sem som e imagem. Apenas palavras. Palavras silenciosas que só têm voz dentro da mente.


***


 Acho que muitos simplesmente não conseguem mais ouvir a própria voz da mente. Devem viver numa tormenta tão constante que a voz interior há muito foi calada. A maioria nem sabe mais o que é silêncio... se soubesse teria medo, pois o silêncio predispõe um tipo de solitude, um estar em si que deixa evidente o imenso buraco negro sem vida que é a vida interior da imensa maioria de nós. Melhor tapá-lo com barulho, e creio ser esse um dos motivos pelo que a humanidade se tornou tão ruidosa, tão cacofônica e tão turbulenta. Ela não pensa, não sente e não ouve: só reproduz o caos interno. Sempre me lembro de Shakespeare nessas horas: "Muito barulho por nada". É bem isso...

Nenhum comentário: