Quanta lágrima há no meu deserto
Que inunde de pó o meu jardim
E aniquile o sorriso de marfim
Sob as nuvens de chumbo e espectro?
Quanta areia resseca-me em secreto
Que destile o ardor nos botequins
E assalte-me nas praças e confins
Sob a luz do deszelo e do concreto?
Anunciem-me às claras tal decreto
Abjurem em solene frenesi
As mentiras que fugindo proferi
Preconizem com vingança e dolo aberto
Todo amálgama que culminou em mim
Para que a chuva caia além do fim
(soneto extraído do livro O pó das veias de Rildson Alves)
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