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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Seja eterno enquanto dure













seria ruído
se não fosse um sinal
só para iniciados
transe tribal

seriam ruínas
mas a gente não esquece
o avião reabastece
em pleno ar

a serpente troca de pele
a gente não esquece
o avião reabastece
sem parar de voar

É estranho como apenas os momentos mais simples permanecem...
O tempo vai passando, as promessas eternas vão sendo esquecidas, de repente nos vemos semelhantes a José, personagem de Carlos Drummond! Pra sentir em paz não há nada melhor do que saber construir os detalhes.
E eu vou tentando construir coisas para que durem uma eternidade, utopia talvez .
Sim, há coisas difíceis pra caralho de desfazer. Quando a praga das opiniões levianas abandonar o campo, só terá destruído o que nunca existiu. Quem pode mais, a borracha ou o poema escrito à lápis? O poema sobrevive às traças que devoram o papel... 

Castelos medievais, castelos de areia e castelos de cartas, talvez, a longo prazo, tenham o mesmo destino. Mas certamente não são a mesma coisa. Ok, ok, do pó viemos e ao pó voltaremos. Mas não somos só poeira, né? Ok, ok, talvez a poeira de que são feitas as estrelas...

Há uma linha tênue entre o saber científico de que tudo se desintegra e o sentir místico de que tudo conspira a favor. Ruína e construção andam de mãos dadas nesta corda bamba. O que já foi e o que ainda será brigam pela nossa atenção. Às vezes nos fazem esquecer o que, desde sempre e para sempre, é.

Há, sim, coisas que não mudam, para as quais sempre podemos retornar. Um minúsculo porta-aviões num oceano sem fim. Uma chance em mil. Improvável janela de oportunidade. 

Adoraria fechar este texto com algum exemplo grandiloquente de coisas que não mudam e para as quais sempre podemos retornar (até escreveria em letras maiúsculas: AMOR, VERDADE, BELEZA...). Mas só me vêm à cabeça sons, cheiros, sabores, um par de olhos, um pôr do sol, um abraço... insignificantes no esquema geral das coisas, mas suficientes. 


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