Os amantes de hoje preferem a droga mais leve, o tabaco mais light ou o café descafeinado.
Já ninguém quer ficar pedrado de amor ou sofrer de uma overdose de paixão.
As emoções fortes são fracas e as próprias fraquezas revelam-se mais fortes.
Os amantes, esses, são igualmente namorados da monotonia e amigos íntimos da disciplina.
O que está fora de controle causa-lhes confusão, e afeta-lhes uma certa zona do cérebro, mas quase nunca lhes toca o coração.
O amor devia ser sonhado e devia fazê-los voar; em vez disso é planejado, e quanto muito, o faz pensar.
Sobre o amor não se tem controle.
É um sentimento que nos domina, que nos sufoca e que nos mata.
Depois dá-nos um pouco vida.
No amor queremos viver, mas pouco nos importa morrer e estamos sempre dispostos a ir mais além.
Deixamo-nos cair em tentação, e não nos livramos do mal, embora procuremos o bem.
No amor também se tem fé, mas não se conhecem orações: amamos porque cremos, porque desejamos e porque sabemos que o amor existe.
Amamos sem saber se somos amados, e por isso podemos acabar desolados, isolados e deprimidos.
Que se lixe!
O amor não é justo, não é perfeito; no amor não se declaram sentenças nem se proferem comunicados.
O amor prefere ser imprevisível, cheio de riscos e de fogo cruzado.
No amor os braços não se cruzam, as palavras não se gastam e os gestos servem para o demonstrar.
Amar também é lutar, e enfrentar monstros fabulosos com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de dragão.
É uma ilusão, um sonho, um absurdo e uma fantasia.
O amor não se entende, não se interpreta, não se discerne nem se traduz.
Quem ama acredita, mas não sabe bem porquê, não sabe bem o quê, nem percebe bem como.
Nenhum comentário:
Postar um comentário