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sábado, 7 de janeiro de 2012

Tudo se Resume ao Amar e ser Amado







 Não fala.
Não se explica.
Não se vê e muito menos se apalpa. 
A sua dimensão não cabe na 
própria palavra de definição, nem há palavras exatas que o definam. Não
se sabe porquê nem se sabe o sentido na sua existência. Não tem limites
quantificáveis nem padrões comportamentais a serem seguidos. Não é 
incógnito, não é um mistério nem um mito. Ele existe na sua real 
personificação em atos e euforias sentimentais. Falasse dele soletrando
uma palavra, mas essa mesma palavra é tão vazia de conteúdo que nem 
dele sabe falar na sua plenitude, apenas estabelece uma forma verbal 
para que possa ser identificado. É muito mais que isso, muito mais que 
palavras e conceitos. Vai para além das teorias e conversas abstratas. É
superior ao desejo humano de egoísmo social estabelecendo pontes entre 
impossíveis. Não tem cheiro nem cor, pode ser todas as cores ao mesmo 
tempo, e nesse mesmo tempo não ser nenhuma. Pode tudo e o impossível. 
Fazemos uso dele mesmo sem sequer ser suposto estar a senti-lo!



Não avisa.
Surge e instala-se. 
Sente-se. 
É a única coisa que é real e coerente dizer-se. 
Sente-se. 
A partir deste ponto, nada mais é igual, 
nada mais é concreto, nada mais é plausível de se previsível. Ficamos 
subjugados à sua vontade e na qual vamos vivendo segundo a sua rota. 
Ficamos inconscientes de ações, mas conscientes de que queremos viver 
com ele para sempre, apesar de negarmos vezes sem conta a sua 
grandiosidade, pois torna-nos mais vulneráveis. Apesar de fazer doer bem
fundo e de levar a insanidade à exaustão, sem ele não saberíamos viver.
Apenas sobrevivíamos dia após dia sem conteúdo afetivo, onde as coisas
perderam o brilho natural de serem amadas, porque se ele não existisse,
não haveria o motivo para se amar. A dor que ele nos deixa não é mais 
que um bônus de sabedoria que nos permite sentir realmente vivos. Não 
faria sentido viver sem ele apesar do seu sentido não ser perfeitamente 
compreendido. Apenas sabemos que aquela sensação exclusivamente pessoal,
faz-nos sorrir, faz-nos querer, faz-nos tentar, faz-nos não desistir 
quando tudo à volta perdeu a vontade, faz-nos querer, faz-nos ser 
felizes, mesmo não sabendo bem usá-lo em forma de expressão. Só sabemos 
que estamos com ele naquele momento mortífero em que o Sentimos. 


Quase que magoa a garganta no nó que se forma, nauseados de encantamento
ficamos perante aquela figura, ficamos parados no tempo, naquele 
momento visual que tudo parece ser pequeno face ao que sentimos, onde 
questionamos tudo, mesmo a nossa real existência. É estranho e 
contraditório. Sentimo-nos estranhos, irreconhecíveis ao nosso espelho 
interior. Frágeis na sua presença, triste e vazios sem ele. É 
maleficamente tenebroso quando não tem forma de retorno. É triste por 
nos tornar tristes, perigoso por nos controlar os atos, é alheio a 
quaisquer éticas sociais. Mas é demasiadamente bom de ser negado, de ser
ignorado. É avassaladoramente saboroso mesmo no seu lado imperfeito 
para deixar de ser sentido. Por ele fazemos tudo, sem ele somos nada. 
Não vale de nada palavras complexas e rebuscadas para o tentar exprimir.
Ele é a complexa forma da simplicidade traduzida em afetos. Tudo se 
resume ao amar e ser amado. A sua exuberante simplicidade é que nos faz 
ser complexos perante tal força sem definição. Não vale a pena tentar 
perceber ou questionar, e muitos menos tentar explicar em forma de 
frases sem sentido direto de interpretação. Apenas se deve sentir e 
vivê-lo. De outra forma não saberemos viver com ele, e sem ele não se 
vive o expoente máximo da felicidade. Ele, na primeira pessoa a que 
chamam Amor.






· Ana Soares da Silva Rodrigues Neto, in 'Textos de Amor – Museu Nacional da Imprensa'·

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