Passei um bom tempo procurando respostas fora de mim. Mas espantosamente, as respostas estavam aqui dentro. Não sei por que demorei tanto tempo. Acho que encantada demais com o mundo lá fora, eu deixei secar alguns jardins dentro de mim. Alguns, confesso, eu até encharquei de tanto aguar.
Viver é raro. Amar ainda mais. Sofrer é como cerveja. A gente encontra em qualquer bar. Às vezes, ele é tão sedutor (o sofrimento), que a gente acaba se acostumando. Centralizamos a dor e então começam todas as buscas. Buscamos em lugares errados, em lugares fictícios, lugares de poucas verdades. É como se pra viver, a gente precisasse encontrar algo. Mas na verdade, pra viver, a gente precisa é ser encontrado.
Encontrado por alguém, por algo, por um certo ou por um errado. Encontrado nos dias de pileque, nos dias de trabalho, nos dias de sol e principalmente, nos dias de tempestade. Mas, ser encontrado num mundo em que todos buscam de olhos vedados algo que nem sabe o que é, torna-se um pouco impossível. Um pouco, porque aqui e aculá eu vejo gente sendo encontrada. E isso me enche de esperança, me enche de vontade de ser encontrado também.
Mas como ia falando, eu encontrei tudo/nada aqui dentro. Encontrei que preciso ser encontrado, e mesmo assim a solução continua vinda de fora. Quando é que poderei finalmente, sentir-me, de todo jeito, e em qualquer circunstância, completo e independente? É muita loucura. Precisa-se de muita auto-ajuda. De muitos Augustos Cury, de muitos best sellers, de muito chocolate, de muito filme e pipoca.
A gente encontra sei lá, numa ficção qualquer, a resposta prontinha. A gente se engana sei lá, comprando aquele livro que nunca vai ler. A gente finge um sei lá, acho que sou feliz assim, e a noite, reza pedindo alguém. O mundo moderno tem suas consequências, e dentre elas, eis a mais prejudicial à saúde: a busca de algo qualquer. A busca de um algo que sequer sabemos o que é. Vive, vivo, vivemos buscando.
Pior é que a gente encontra rapidamente, se perde e precisa se encontrar algo novo. Efêmero. Sagaz. Sutil. Leviano. Vender. Comprar. Bancar. O que te sobra, além disso, tudo? O que te sobre além do que te obrigam à aceitar e por fim às vezes, desejar também.
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