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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Penso em ti, murmuro o teu nome...



"Vai alta no céu a lua da Primavera
Penso em ti e dentro de mim estou completo.

Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.

Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelo campo,
E eu andarei contigo pelos campos ver-te colher flores.
Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos,
Pois quando vieres amanhã e andares comigo no campo a colher flores,
Isso será uma alegria e uma verdade para mim."
6-7-1914
“O Pastor Amoroso” - Alberto Caeiro/Fernando Pessoa





Como poderia eu, compor em palavras mudas, a mais bela linguagem feita dessa evasão saboreada com todo o gosto do essencial?
Quero toda a transparência nas palavras, com uma nudez que revele o âmago, e também o sabor doce da língua que te chama muito antes da voz... Preciso tão somente dizer-te desse movimento invisível aos olhos, incapturável nas sílabas, mais tão intenso no peito, no arrebatamento que recolhe lúcido todos os fragmentos peregrinos no espelho a recompor uma simetria. Perfeita simetria: a Tua.
Preciso tão somente falar-te do exato gozo e tensão que é esse desprendimento entre suspiros e evasão. Como um pássaro, com a febre do voo, e a ansiedade do chão...
...


Às vezes, encontro-me nas palavras dos outros. Mais raramente, nas minhas. Por pura coincidência. Em pura coincidência.

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